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De tapuia a caboclo: a incorporação dos últimos nativos ao “Ceará colonial”

Como foi o processo de exploração dos indígenas que viviam no Ceará? E as lutas dos povos nativos contra o colonizador? É o que explica o historiador Raimundo Alves de Araújo, Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense, no artigo publicado em Sertão História.



"Em nosso artigo defendemos a ideia de que a colonização/ocupação das terras da capitania do Ceará Grande estive ligada diretamente à Insurreição Pernambucana (1645 - 1654) e a Guerra dos Bárbaros (1650 – 1720). Teria sido a partir destes conflitos que os “brasileiros” (milícias e bandeiras) teriam desbravado os sertões (principalmente da margens do Jaguaribe e da Serra dos Cariris Novos), eliminando/subjugando os povos nativos e submetendo-os ao jugo da monarquia portuguesa e ocupando as terras dos interiores da capitania do Ceará Grande. Por fim, apresentamos o processo de transição dos últimos tapuias dos sertões do Ceará Grande – cariris, tremembés, canindés, tabajaras, icós etc. – para a condição de cabras e caboclos súditos cristãos da monarquia portuguesa na América".


[...]


"Mas a catequese dos sertões do Ceará iria se distinguir cabalmente da catequese dos sertões do Maranhão (onde os índios missionados foram entregues aos jesuítas). Aqui, muitos povos remanescentes foram deixados aos cuidados de Diretores, colonos encarregados de administrá-los e de reeducá-los. Fora o caso dos últimos Quixelôs, dados ao coronel Gregório Martins Chaves":


Faço saber que aos que esta provisão de administração virem que porquanto no Quixelô se acham agregados a paz os Tapuias Quixelôs, e porque para o bem e regime deles é necessário terem uma pessoa capaz e de boa vida para os poder administrar ao temporal, etendo respeito a estas partes concorrem na pessoa do coronel Gregório Martins Chaves, pelo bom conceito que faço de sua pessoa, hei por bem de o eleger e nomear na dita administração, para que como tal os conserve na paz em que estão e os reja e governe enão consinta [que] sejam agravados de pessoa alguma, e os terá sempre prontos para o serviço de Sua Majestade em qualquer ocasião que se oferecer, e sendo necessário aos moradores para benefícios de suas fazendas [...]. (RIC., 1902, p. 154). 11Destino parecido tiveram os Canindés, avassalados por João de Barros Braga; Exm. (Governador de Pernambuco) A informação que posso dar a V. Exc. é que estes Tapuias de nação Canindé, são nascidos e criados na Ribeira do Jaguaribe, e nunca tiveram Missionário próprio, mas por caridade são todos batizados e vivem no grêmio da igreja, e as terras que pretendem por mercê de V. Exc. estão desertas e desabitadas, e não prejudicam aos moradores, antes em bem utilidade [seriam] a Fazenda Real por serem terras de plantar, onde podem situar muitas famílias e servir aquela Aldeia de grande bem aos povoadores de Quixeramobim por lhes ficar a matriz [a] mais de cinquenta léguas [...]. (RIC., 1902, p. 156-157).

Acesse o texto na íntegra, na revista Sertão História.

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