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Antes as armas que o jugo: os índios do Ceará na Balaiada




Entender a História do Brasil a partir da nossa produção acadêmica. Eis um dos objetivos da Revista Sertão História. Este é mais um tema debatido no periódico: a participação política dos grupos indígenas nos movimentos do século XIX. No período Regencial, uma série de revoltas sacudiram o Brasil, país recém independente. Uma delas foi a Balaiada, mais conhecida pelas ações ocorridas na Província do Maranhão. No artigo "Antes as armas que o jugo: os índios do Ceará na Balaiada", o historiador João Paulo Peixoto da Costa (IFPI /UESPI), apresenta o envolvimento dos grupos indígenas do Ceará, no caso, os da região da Ibiapaba, na fronteira com o Piauí.




"Na historiografia há citações muito rápidas a respeito do Ceará como palco ou terra natal dos envolvidos no conflito (DIAS, 2008, p. 204. VIEIRA, 2010, p. 105-106. XAVIER, 2015, p. 156-161). Entretanto, as fontes pesquisadas apresentam diversas referências ao balaios cearenses, que eram, provavelmente em sua totalidade, índios da serra da Ibiapaba – ou Serra Grande –, na fronteira do Ceará com o Piauí, naturais de Vila Viçosa (atual Viçosa do Ceará), São Pedro de Ibiapina, São Benedito e outros povoados próximos. Sua cultura política, aliada às demandas do contexto em que viviam, serviu de base para sua participação na rebelião, atuando também no território piauiense. Uma das localidades mais destacadas na documentação pesquisada foi Frecheiras (atual distrito do município de Cocal da Estação, no Piauí): um reduto multiétnico, onde as experiências indígenas dialogaram e conviveram com grupos de origens étnicas e sociais distintas, produzindo novas culturas políticas".

Convidamos você a conhecer essa história, marcada pela resistência e participação política dos grupos indígenas, em uma das revoltas mais importantes da História do Brasil:


Vinha dos próprios índios, portanto, a motivação pelo combate, advinda de insatisfações particulares e que deitavam raízes em situações muito antigas. Reunidos em Frecheiras com combatentes de lugares diferentes e de outras origens étnicas, puderam trocar experiências e compartilhar expectativas. Unidos por situações igualmente opressoras, índios e outros segmentos não-brancos e pobres fundiam suas particularidades históricas em um mesmo movimento de revolta. Segundo Mathias Assunção, a violência dos rebeldes se dirigia “antes de tudo contra escravocratas ou autoridades que se tinham destacado por suas crueldades e maus-tratos [...]. Nesse sentido não é uma violência primeira, mas uma reação contra violências anteriores”.


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